“Mais uma vez, fui dormir sozinha. Esvaziei a xícara de café; não
arrumei o cabelo e senti sua falta. Ousadia é alguém me perguntar por
você. Finjo que não sinto nada e abro um meio sorriso, digo que não sei
do teu paradeiro. De certo, eu não sei. Mas posso arriscar que estás a
pensar em outra; aquela que não sou eu. Encontro-me em estado de
anestesia. Pareço forte, mas se um passarinho pousasse em uma das minhas
mãos, era capaz de desmoronar. Noite passada, dormi com dois
travesseiros. O meu e o que era pra ser seu. Apeguei-me a mais memórias,
esvaziando-me de mais esperanças que tudo volte a ser como era antes.
Debrucei-me sobre meus joelhos e sussurrei baixinho
“Cuida dele, Deus”. Encontrei
em mim, a mulher fraca que sempre fui; a mesma que estava camuflada por
tantos sorrisos e por uma felicidade surreal. Perguntei-me se você
poderia estar pensando em mim em qualquer um dos segundos que meu
pensamento te rodeava. Conclui que era loucura pensar nisso. Tola! Não
sabia o que era sentir-se vazia; oca, sem nada no peito. Juro que nem
meu coração eu podia ouvir, apesar do silêncio ensurdecedor que fazia na
casa. Solucei baixinho, pra não ter que dividir com ninguém minha falta
de felicidade. Transbordei desamor, lágrimas ácidas e balbuciei
palavras infantis, esperando que a campainha tocasse e fosse você.” {
Laisse Ribeiro}