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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

 “Mais uma vez, fui dormir sozinha. Esvaziei a xícara de café; não arrumei o cabelo e senti sua falta. Ousadia é alguém me perguntar por você. Finjo que não sinto nada e abro um meio sorriso, digo que não sei do teu paradeiro. De certo, eu não sei. Mas posso arriscar que estás a pensar em outra; aquela que não sou eu. Encontro-me em estado de anestesia. Pareço forte, mas se um passarinho pousasse em uma das minhas mãos, era capaz de desmoronar. Noite passada, dormi com dois travesseiros. O meu e o que era pra ser seu. Apeguei-me a mais memórias, esvaziando-me de mais esperanças que tudo volte a ser como era antes. Debrucei-me sobre meus joelhos e sussurrei baixinho “Cuida dele, Deus”. Encontrei em mim, a mulher fraca que sempre fui; a mesma que estava camuflada por tantos sorrisos e por uma felicidade surreal. Perguntei-me se você poderia estar pensando em mim em qualquer um dos segundos que meu pensamento te rodeava. Conclui que era loucura pensar nisso. Tola! Não sabia o que era sentir-se vazia; oca, sem nada no peito. Juro que nem meu coração eu podia ouvir, apesar do silêncio ensurdecedor que fazia na casa. Solucei baixinho, pra não ter que dividir com ninguém minha falta de felicidade. Transbordei desamor, lágrimas ácidas e balbuciei palavras infantis, esperando que a campainha tocasse e fosse você.” {Laisse Ribeiro}