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domingo, 13 de outubro de 2013

Palavras e pesos


          Nunca tive o privilégio de palavra leves. Sempre fui fundo demais, sempre fui pesada demais. As palavras são facas disfarçadas de flores. Elas te cortam por dentro, despedaçam teu coração enquanto você sorri. Palavras pesadas formam nós na garganta, e você chora. Chora por que sabe que jamais vai ser capaz de esquecer o que um dia ouviu. Ninguém nunca me poupou de palavras pesadas. Cresci habituada a ouvir e receber as piores palavras possíveis. Elas me dilaceram até hoje, só basta que eu me lembre.
          Ninguém nunca vai entender, e eu mesma não entendo. Estou na beira de um abismo e tem um peso enorme me empurrando para baixo, para dentro. Não é a gravidade. São todas as palavras pesadas que eu carrego nas costas. Todo o peso de ser quem eu sou, todo o medo de não ser boa o suficiente. Há medos que rondam meu coração, há medo escorrendo pelo meu rosto. Estou transbordando por que não aguento mais todas as suas palavras, não há mais espaço dentro de mim.
          Eu morro todos os dias, e renasço por que, no fundo, eu nasci para aguentar todas as porradas e chutes e socos que a vida me dá. Isso é ser forte. É aguentar tudo, sem desistir de acordar mais um dia. Não é de propósito. Eu sou muito por natureza. Veja, não sei entrar em uma piscina pela borda, eu tenho que me atirar no meio dela, fazendo barulho e espalhando água pra todos os lados.
          Eu sou assim, pesada demais. Não é peso de corpo, é peso de alma. Isso é uma droga por que eu não consigo entrar em um relacionamento sem ir ao fundo, sem me jogar da beira de quem sou sem medo. Eu sempre quebro a cabeça, encontro o chão antes do que eu imaginava. Esse é maior mal de ser quem eu sou: não consigo ser de outro jeito. Eu sou muito, sempre fui, e sempre vou ser. Minhas dores sempre serão muito também. Infelizmente.

Eu estou sentada sozinha esperando por você, me desculpe por ser muito. Me desculpe.

Paradoxal

         *Ouça É o que me interessa de Lenine 

          O silêncio invadiu a minha casa. O mesmo silêncio da nossa última briga, o mesmo silêncio que me destrói quando você me olha com olhos de rancor mas não me diz nada. Teu silêncio, às vezes, me quebra. Me despedaça, me desmancha, me desmonta. Fala mais alto que teus gritos ensurdecedores. Golpeia meus tímpanos. Mas, tem dias que tudo que eu quero é teu silêncio. Assim calmo, morno, mas aconchegante.
          Teu silêncio desconcerta quem eu sou, mas é o único capaz de me devolver a paz. A paz que você mesmo me roubou. Você não entende, mas você é a minha dor de cabeça favorita. É só você que eu gosto de desvendar, de entender. De desmontar e montar outra vez o quebra-cabeças que é te amar. Eu erro uma peça ou outra, mas é assim que nós dois somos. Meio tortos, meio errados. Errados que só dão certos juntos. Um quebra-cabeças que sobra peças, por que nós somos muito juntos.
          Quando em uma roda em um bar qualquer alguém pergunta como eu vou, eu digo: eu vou bem, obrigada. Eu vou bem por que quando eu chegar em casa você vai estar deitado na nossa cama. Ou vai estar na sala de estar lendo algum livro que eu gosto e te dei de presente (mesmo que você não goste). Você me fez limpar meu coração pra poder te receber. Mas sem isso de jogar a poeira pra debaixo do tapete. Joguei tudo o que não me servia fora. Você é meu número, você me cabe direitinho. Não preciso de nada quando você está deitado no meu colo, mexendo em alguma coisa e eu assisto a um filme qualquer na TV de tela plana. Eu fiz uma faxina na minha casa, consertei umas coisas que estavam quebradas, e outras eu coloquei na porta pro carro do lixo levar. Meu coração agora é leve, meu coração agora é teu. 
         O teu silêncio me mata.
         O teu silêncio é minha paz.
         É um paradoxo, eu sei. Mas somos assim mesmo, um paradoxo.
         Um paradoxo com final feliz. Mas sem o final. 

Sobre eu amar você


*Ouça Tudo que você quiser de Luan Santana 
         
          Mais um texto. Tão clichê quanto qualquer outro. O relógio marca 00h39 de domingo. Hoje eu queria poder catar as estrelas do céu e dar-te de presente. Sem motivo, sem data especial. Só por mais um dia aguentando os meus surtos mentais, e meus pensamentos psicopatas. Você sabe, eu sou muito melhor agora que tenho você. Se eu pudesse, roubaria a beleza do pôr-do-sol e te daria em um dia daqueles que a chuva não deu trégua. Você me faz chover, por dentro, por fora, pelo direito, pelo avesso. Eu transbordo a borda de quem sou por que a doçura do teu sorriso é demais pro meu café. Você é doce, mas não me enjoo. Beijo tua boca como fera só pra ter o prazer de perder no mel que só teus lábios têm.
          Você roça sua barba meio rala no meu rosto, você inspira o meu perfume e respira no meu pescoço. Você é tudo e mais um pouco. Você é tudo o que me mantém presa ao chão. Minha vida está escrita nas linhas da tua mão, e meu corpo está cheio de sinais da tua presença. Você não é um sonho, é tão melhor que meu melhor sonho. O toque de tuas mãos é o melhor, é meu melhor pecado. Eu estou bêbada de você. O teu perfume invadiu a minha casa e o teu sorriso parece que ainda tá aqui grudado no meu. Eu esbarrei com você na entrada da cozinha, eu deitei do teu lado no sofá da sala de estar. Você não percebeu? Você sou eu, eu sou você. Metade minha grudou na metade sua, metade sua grudou na minha metade que sobrou. Nós transbordamos juntos. Nada sobra, nada se vai. Tudo fica, tudo é mais, tudo é muito. Por que tudo é você. Você foi a  minha melhor escolha.
          Conversamos um dia desses sobre quando descobrimos que estávamos apaixonados. Eu lembro bem. Lembro que depois de te ver nas férias, depois de ter te beijado no sofá da tua casa e assistido um filme que eu já esqueci o nome, depois de ter chegado em casa eu senti você invadindo meu íntimo. Eu só não sabia. Não sabia que depois disso eu iria transbordar amor, dor, ciúmes e raiva de todas as outras meninas que tentavam roubar a tua atenção que era minha. Eu me apaixonei por você na calada da noite, enquanto você passou a visitar-me em meus sonhos, me fazendo acordar sorrindo. Você não sabe quantas vezes teu sorriso invadiu a minha cabeça durante a madrugada. Um, dois, três segundos, minutos ou horas. Eu te amo. Cadê você, meu bem? Eu senti saudade. Eu me apaixonei por você.
          Pela leveza do teu toque.
          Pela segurança do teu abraço.
          Pelo teu hálito fresco.
          Pelo teu cabeço bagunçado.
          Pelas tuas mãos duas vezes maiores que as minhas.
          Pela delícia do teu beijo.
          Por tudo o que você consegue ser.
          Pelo teu lábio inferior mais carnudo que o superior.
          Pelos teus sinais do pescoço.
          Pelos teus olhos pequenos.
          Mas, me apaixonei, principalmente, pelo cara que me disse "você vai ser a minha próxima namorada" no meio de julho. E eu fui, eu sou. Eu te amo, e eu sou completamente apaixonada por você.


domingo, 6 de outubro de 2013

Peso pena


Nota pessoal: Eu pensei em recomendar uma música de Los Hermanos pra vocês, porém, eu ouvi tantas músicas deles na hora de escrever esse texto que seria injusto indicar somente uma. Portanto, fiquem a vontade para ouvir aquilo que quiserem (mas ainda assim indico alguma canção dos Hermanos). 

          A minha alma tinha o peso de um avião. De uma tonelada de concreto. Minha alma era pesada demais, e fazia minhas costas doerem que só. O peso da minha alma deixava meus olhos pesados e cansados. Meu corpo andava meio morto por não ser mais capaz de suportar meu próprio peso nas costas. No peito. Sabe o peso de uma saudade? De um choro que foi interrompido e engolido? Esse era o peso da minha alma. Eu sempre quis poder voar, mas nunca pude. A angústia de ser quem era me doía. O temor de me olhar no espelho e enxergar além dos meus olhos cor castanho-sem-graça era pesado demais. Me puxava para baixo, me afoguei tantas vezes que não sei como consegui voltar à tona.
          Você entende? Não sei como consegui mergulhar nesse rio escuro e gelado e ainda ter coragem de não me deixar afogar. Engoli água, lágrimas e dores. Engoli meu próprio medo de sobreviver ao meu naufrágio. Você estava lá, na beira do rio, esperando qualquer sinal do meu iminente afogamento, pronto para pular nas águas turvas e me resgatar do peso da minha própria alma. Você impediu que a água encharcasse meu pulmão, mas, principalmente, não deixou que meu próprio fantasma do passado matasse meu coração. O peso da minha alma era grande mas não conseguiu ser maior que o peso do teu amor.
          Você é, não sei, como uma brisa de verão que invade a minha casa. Você é quem me salvou e me livrou do meu próprio peso. Antes eu era concreto, hoje sou pena. Posso voar por ai, mas veja, eu adoro ficar descalça com os pés no chão quando você está ao meu lado. Não me afogo mais em minhas próprias dores, não engulo mais choro algum e só sinto minhas veias explodirem quando você sorri docemente para o meu coração. Teu amor não é pesado, tem exatamente o peso que a minha alma queria ter. 
          Você é a medida exata do meu atual peso. Leve demais para me fazer sentir dores, mas firme como rocha. Eu não sei, não sei mesmo, como é que vai ser quando você desistir de me salvar dos meus tropeços na beira do meu rio gelado e escuro. Eu sei é que eu só quero que você esteja aqui para tocar meus lábios com a mesma leveza e doçura do dia que você me achou quase no fundo daquele rio e me fez uma respiração boca a boca. Obrigada por ter exatamente o peso que eu posso carregar. Obrigada por me deixar sem pena. Obrigada por ser a minha pena. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sobre ser só

          Leia ao som (maravilhoso) de Home - Michael Bublé

          Às vezes, quando chove, eu fico sentada em frente a janela do meu quarto só pra ver como as gotas caem bem no vidro embaçado. São muitas, mas todas são solitárias. Sobre ser só, eu sei. Assim como as gotas solitárias molham a minha janela, há lágrimas solitárias molhando rostos que eu desconheço nesse mundo de meu Deus. Lágrimas de saudade, mas, principalmente, lágrimas de solidão. Lágrimas de quem não sabe viver sozinho, de quem não aguenta sua própria companhia por uma hora sequer e busca incessantemente uma companhia na rua só pra não ter que ser só. Somos só, por natureza. E quase ninguém percebeu.

          Nascemos sozinhos, mas nos acostumamos tanto com a companhia materna que é difícil dormir sozinho quando a escuridão abraça nossos corpos. Será que dá tempo de correr pra cama da mamãe antes do próximo trovão? A verdade é que não dá. Não podemos fugir da solidão, porque ela, inevitavelmente, vive do nosso lado sendo nossa companhia sem que percebamos. Porque ela disfarça-se e entra pela brecha da nossa porta e dorme do nosso lado na cama. Não adianta fugir da sua solidão, ela mora exatamente onde você não quer que ela esteja: em seu próprio coração.

          Ser só não é ser triste, ficar só não é estar abandonado. Vez em quando, faz bem ficar só. Calar um pouco e ouvir algum som que antes passara despercebido. Ser só é estar pronto para aproveitar uma companhia quando ela tocar a campainha numa noite qualquer. Saber ser só é saber ouvir o outro, é saber lidar com medos que antes lhe faziam tremer o corpo. Nenhum medo é maior que o medo da solidão. Vivemos a vida sempre em busca de alguém que nos complete, que seja nossa metade para que nunca tenhamos que ser só. E não percebemos que temos é que ser inteiros, para que quando nossa melhor companhia chegar possamos transbordar juntos. Sem medos, e sem solidão.

          Hoje eu não tive nenhum abraço amigo, então eu mesma me abracei. Calei minha voz e pensei bastante sobre tudo. Sobre minha família e até sobre a bolsa de Nova York. Isso tudo porque eu aceitei a minha solidão nesta manhã de outubro. Porque eu não decidi visitar algum conhecido só para não ter que ficar só. Quem respeita sua solidão é quem sabe saborear a presença de alguém em sua vida. Porque sabemos que, às vezes, ser só dói mas o que dói mesmo é não sabemos lidar com isso. Nem tudo do que precisamos está com o outro, às vezes está dentro de nós e nem percebemos. Obrigada por ter vindo me visitar hoje, solidão.

sábado, 28 de setembro de 2013

As mulheres de Leoni

Se encante com Garotos II - O outro lado de Leoni

"Os homens nunca vão entender as mulheres". 
Tal frase é clichê, mas não pode deixar de ser citada. Acredito que seja por que nós ainda não atingimos a intelectualidade que vocês tem. Certas mulheres são fascinantes, não só por seu jeito, seu rosto, seu cabelo, seu jeito de sorrir ou de andar, mas elas têm um "quê" especial. E acreditem, os homens que acompanham vocês, são apaixonados por vocês por completo! Completamente loucos e apaixonados por esse “quê” que só vocês têm! Valorizem isso, mas vejam no fundo dos olhos deles se eles realmente amam tanto quanto dizem. Aposto que as meninas mais espertas sabem os que amam, de fato... Mas valorizem mesmo esses homens, afinal, homem tem que ser homem em tudo, pra dizer que te ama, até dar um beijo na testa, e também pra te pegar pela cintura e te dar um beijo quente ,com "pegada", que são poucos. E vocês são mais inteligentes que nós, obviamente, não deixem nenhum moleque entrar em seus caminhos. Se entrar, tire-o, e coloque apenas o homem que te completa. Como já dizia Leoni "Certas mulheres como você me levam sempre aonde querem". Obrigados por existirem, amamos vocês (mas amo uma em especial). ML

Ao som de Leoni, como meu amigo me recomendou, escrevo sobre mim mesma. Mulheres, umas tão doces e amáveis, outras amargas como puro fel. Eu não sei falar de mim mesma, então vou dar apenas uma dica aos meus amigos homens: Quando vocês encontrarem a mulher da música de Leoni, levantem as mãos ao céu e agradeçam. Poucas mulheres são capazes de virar a cabeça e a vida de um homem (de maneira positiva). Agradeçam por nós mulheres adoramos cuidar de vocês. 
A autora

domingo, 22 de setembro de 2013

A thousand years

          Dê play em A thousand years - Christina Perri

          Quem foi que pintou essa nossa tela, amor? Traços tão imperfeitos formam nossas mãos dadas no meio de uma rua qualquer. Por quantos anos esta pintura sobreviverá? Por quanto tempo poderei olhar pra você e me permitir lhe amar? Quiça a thousand years, my dear? Há uma fé desesperadora batendo dentro do meu peito. Tenho urgência de qualquer notícia tua. Poderíamos ser amigos, poderíamos não ser nada. Você escolheu ser tudo, tudo o que há de bom neste mundo para mim. Você escolheu ser meu amor e a minha saudade mais doída. Você escolheu ser por mim. Ser para mim. Eu escolhi lhe ter amor. Nós escolhemos ser o ficar, o vamos esperar, o talvez vamos casar. Escolhemos ser nosso próprio guarda-chuva. Assim, só um, para se chover mesmo a gente se grudar mais e virar definitivamente um só.

          Eu te esperei por tanto tempo, por tanto tempo que nem sei por quanto tempo foi. A vida me deu um bom motivo pra sorrir, pra não desistir dos dias chuvosos. Agora eu tenho nosso guarda-chuva. Você foi meu motivo para não desistir dos domingos. Agora, todos os dias tenho um belo motivo para levantar da cama feliz. É mais um dia ao teu lado. Você é a companhia para a minha solidão. Eu morri todos os dias esperando você chegar. Eu nasci de novo quando você sorriu teu melhor sorriso para mim. Você não sabe, não sabe mesmo o quão viva você me faz. Todas as minhas dúvidas e todos os meus medos parecem pequenos demais quando estou junto ao teu coração.

           Seguro tua mão e isso parece me bastar. Eu gosto quando você só me abraça e acalma meu coração. Assim como gosto quando você toca meus lábios com ternura quando eu menos espero. Gosto da surpresa do teu amor. Tudo o que consigo pensar agora é que você é bonito demais para alguém como eu. Que você é bom demais, alto demais e que existem mulheres mais atraentes que eu pelo mundo afora. Eu não gosto do medo de te perder. Eu te esperei por mil anos, mas não resistiria mais mil sem teu carinho. Há tanto para dizer, há tanto para agradecer. Obrigada pelos mil anos que eu lhe amei. Obrigada pelos mil anos que ainda irei lhe amar. Obrigada.

"I have died every day waiting for you. Darling, don't be afraid. I have loved you for a thousand years, I'll love you for a thousand more. And all along I believed I would find you, time has brought your heart to me. I have loved you for a thousand years, I'll love you for a thousand more."

domingo, 8 de setembro de 2013

Thank you

          Você beija a minha testa.
          Eu preciso lhe agradecer. Muito obrigada. Pelo quê? Por você não me deixar desacreditar no amor. Eu lhe agradeço por ter voltado (ou até mesmo por nunca ter ido). Por ter ficado em meu coração que antes batia vazio e sem vida. Por ter permanecido. Por ter fechado a porta da minha casa como quem diz: ninguém mais entra aqui. E não entra mesmo. Você tem um cheiro bom, um cheiro de menino que é quase homem, um cheiro de gente que tem o coração bom. Coração esse que anda bem ao lado do meu, obrigada. Agradeço por ter renovado não só as minhas esperanças mas também a minha vida inteira.
          Você segura a minha mão com uma tranquilidade que penetra minha veias. Você me abraça silenciosamente e nossos corações batem juntos. Você me escolheu, e eu aceito ser dona do teu coração. Você é o meu amor tranquilo, meu amor com sabor de fruta mordida. Você é meu remédio. É a cura pros meus dramas antigos, e pra toda aquela tristeza que pesava meu olhar e minhas costas. Você fez as dores cessarem. Stop. Você é meu sonho bom, meu sono de paz, do qual eu não quero ser acordada. Eu dormiria uma vida inteira se continuasse sentindo as mil coisinhas maravilhosas que sinto agora. Você calou a minha boca. E não foi com um beijo. Foi com a beleza da tua alma e a bondade do teu coração.
          Eu silencio porque não encontro palavras para lhe dizer o quão bom é estar aqui. Escrevendo sobre um menino que alegrou meu coração ingênuo e jovem. Eu silencio porque quando eu olho para você eu não penso direito. Porque você me tira de órbita, e eu fico parecendo uma boba aluada olhando pra tua beleza exorbitante. Você é lindo. E eu estou em dívida com você. Como posso lhe pagar por me proporcionar tamanha felicidade? Você recuperou o amor que estava escondido em algum canto aqui de mim. E eu não sei como você fez isso. Você me diz que não entende como consegue me amar tanto. E eu também não sei.
          Você beija meu rosto. 
          A sua chegada me trouxe uma paz absurda. Finalmente provei do bom amor que Deus criou. A única coisa com a qual você me perturba é com a tua ausência. Eu amei antes, mas mais me feri que fui feliz por amar alguém. Você me fez entender que amor é o que cura, e não o que machuca. Me mostrou que dá pra ser feliz quase 24 horas por dia. Por que mesmo enquanto eu durmo você me faz feliz. Porque existem poucas coisas na vida que são capazes de me tirar o fôlego, e você é uma delas. Obrigada mais uma vez por chegado, entrado e feito morada em meu coração. Obrigada por mesmo tendo saído uns dias, ter voltado pro lugar que você cativou aqui no meu peito. Obrigada por ter escolhido os meus carinhos, o meu cheiro e o meu jeito de menina meio do mato. Obrigada por ter tido a paciência de me esperar superar minhas crises e sair do meu antigo abismo. Obrigada por ter me mostrado que daqui de cima a paisagem é mais bonita, e que as estrelas parecem bem mais perto das nossas cabeças.
          Você deita do meu lado e toca os meus lábios.
          Obrigada por ter me dado a honra de te amar de pertinho.
          Obrigada. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Carta para Capitu

         Ouça Fix you - Coldplay 

          "Eu sempre falei de vazios mas eu não sabia o que era um vazio até te perder de vista. Você sumiu, moça. Escapuliu pelos meus dedos, pela pequena frecha da porta do meu quarto. Você desceu as escadas e me deu um tchau silencioso. Você se despediu de mim naquele abraço calado que você me deu antes de virar a esquina da tua rua. Eu não entendi porque você quase tremia e suava frio, era um adeus. Quando eu voltei pra casa, tentei entender o motivo da tua visita tão fria. Tentei entender o que aquilo significava. Você não me beijou e nem fez carinho no meu cabelo, você me acalantou e chorou um pouco enquanto eu chorava no teu colo. Era um choro de pena, moça? Era um choro de despedida.
          Depois de tantos tropeços e quase fins você cansou de me cuidar. Cansou de estar sempre disponível, cansou de refazer os retalhos do nosso relacionamento. Ah! tantos retalhos, tantos consertos... Nosso tecido se rasgou, seda fina e vermelha, como a daquele seu vestido bonito. Você costurou todos os rasgos e tentou disfarçá-los. Me perdoe, moça, por não ter reparado no quanto você é boa. Me perdoe por ter ido embora antes da hora marcada, por ter me atrasado pra ir te buscar naquele dia. Me perdoe por não ter visto tudo o que estava a um palmo do meu nariz. Eu sinto sua falta, e chorei um bocado hoje. Lembra de quando eu te dizia que homem não chora? Era mentira. Desde que você se foi, não houve um só dia em que eu não tenha me lembrado do quanto a fiz chorar e não tenha chorado também.
          Eu sinto muito, eu sinto tanto pelo nosso fim. Sinto mais ainda quando volto pra casa e não te vejo me esperando com o seu melhor sorriso. O meu sorriso. Sinto mais ainda quando acordo e não vejo você dormindo tranquila ao meu lado, com o cabelo preso num coque mal feito, com os olhos pequenos e duas bochechas grandes e rosadas. Meu quarto não tem mais o teu cheiro doce e não é mais tão aconchegante. Eu sai um dia desses, bebi mas tudo o que eu bebi me fez lembrar você. Me lembrou de quando você brigava comigo pra eu não beber além da conta. Ninguém me pediu pra parar, ai eu tive ressaca no outro dia. Mas, pior que a ressaca da vodca é a ressaca da tua ausência. Sua falta me dói.
          Cada dia que se passa é mais um dia depois do nosso fim, é um dia mais longe de você. Eu não te vi esses dias, liguei no seu fixo mas ninguém me atendeu. Parece que você sumiu do mapa, mas não sumiu de mim. Seu toque gentil em minha pele eu não senti. Senti uma dor me rasgando o peito, dilacerando tudo o que há por dentro. Cada sorriso teu é um motivo pra eu te amar mais do que já amo. Eu amo você. Eu não lhe disse isso com tanta frequência esses últimos meses, e mesmo assim todo santo dia você me dizia. Eu sinto tanto, tanto por ter te deixado ir embora. Minhas lágrimas molham a folha em que escrevo pra você. Eu sinto muito por não ter visto os detalhes e as pistas, por não ter visto suas quedas e tropeços nos meus erros. Sinto muito por tê-la feito chorar por mim, sinto tanto...
          Você está bem? Eu sinto sua falta. Eu não posso mais te escrever nada, eu nem sei se você vai abrir esta pseudo-carta. Eu a amo, só nunca duvide que um dia eu a amei mais que a mim mesmo."

Guilherme escreveu para sua Capitu, ela leu sua carta e a guardou onde achou que era o seu lugar, na memória de sua alma, e isso foi tudo. Capitu não lhe respondeu, sua Capitu morreu. Só restou nela a lembrança do amor de Guilherme, e isso era o melhor. Porque ela sabia que ela o amaria para sempre, mas que eles não nasceram para ficar juntos, apenas para se amarem. E alguns amores são assim... eternos.

domingo, 1 de setembro de 2013

Beija-me

Você chega e sussurra algo em meu ouvido. Não entendo direito, mas você me beija. Abraça meu corpo e tenho a sensação que vou sufocar sem ar. Pelo abraço e pelo beijo. Você é gentil e me convida para dançar sem música na sala de estar. Eu cantarolo um tango que aprendi em algum lugar e nós dançamos. Você me beija com os olhos. Parece rasgar meu vestido de seda vermelha porque eu sei que você que ele não deveria estar ali. Você me despe mentalmente e eu quase consigo ouvir seus pensamentos obscenos. Uma vez você me disse que era absurdo sentir tanto desejo por alguém e só por esse alguém. Você beijou a minha boca e sussurrou em meu ouvido que eu era um pecado. Falou baixinho sobre como queria me beijar até faltar o ar. Você me beija com as mãos. Alisa minha seda e eu sorrio pra você. Não é provocação, seus dedos tocam a minha barriga e eu sinto vontade de rir. Entenda-me. Você me beija com os lábios, tão sutis e doces que agora consigo entender o que você disse quando chegou. Você me ama.

Sobre amar em demasia

          Hoje, depois de muito pensar em como tudo aconteceu, cheguei a conclusão que nosso destino era ficarmos juntos. Nosso destino, assim mesmo no singular. Só um. Depois que você chegou passei a ver tudo com mais nitidez, como se finalmente tivesse sido tirada de uma caverna escura e fria. Hoje o sol parece brilhar mais, e o calor e o frio me golpeiam a pele com mais força. Mas é que quando você chegou, você trouxe um mar de fé e amor no qual eu pude mergulhar fundo. Sem fundo. Porque apesar de tudo, eu confio que nós daremos certo. E depois de jurar pra mim várias vezes que jamais deixaria alguém mexer tanto comigo, eu só peço que você não pare de bagunçar a minha vida.
          Porque é bom ter teu abraço, ser beijada pelos teus lábios doces e ferozes. É bom sorrir teu sorriso e rir do teu riso. Nada pode me dar tamanha alegria como quando sinto tua respiração no meu pescoço. Você é a minha paz, meu sonho bom. Meu sorriso bobo e meu choro silencioso. Tenho um medo absurdo de perder tudo isso, de acordar e saber que eu não vou te encontrar mais. Você não é o primeiro mas eu quero que seja o último. Porque não quero beijar outros lábios senão os teus. Porque é a tua voz que é minha melodia preferida, porque eu não quero outro toque, outro cheiro, outro olhar em mim. Porque eu te guardei onde ninguém vai poder tirar. Longe de tudo, eu te guardei na alma.

sábado, 10 de agosto de 2013

Entre o pecado e a salvação

          Eu sempre vou agradecer por você ter chegado para mim. É maravilhoso poder te olhar e sentir fagulhas queimando meu peito. É deliciosamente doloroso. Porque parte de mim sabe que tudo pode acabar, mas a outra parte tem todo o mar de fé que você me ofereceu. Você é a paz que não me deixa dormir. Doce e bom, você cala a minha boca. Pela primeira vez não sinto vontade de gritar, mas apenas sussurrar o quanto você é bonito e o quanto eu o amo. Sua barba está por fazer, seu cabelo cortado baixo com um topete pequeno. Você nem repara, mas eu observo tudo em você. Você tem um sinal engraçado na bochecha, que fica encoberto por tua barba rala que cresce desregulada.
          Durante anos, vivi com a estranha sensação de que jamais seria capaz de amar alguém outra vez. Tantas feridas e fraturas denunciavam todos os maus tratos que um dia eu sofri. Sempre que alguém se aproximava, sentia-as arder, como quem queimava em fogo alto, como um aviso. Mas veja, você fez parar de queimar. Agora tenho uma nova estranha sensação. Como seguir com você longe? Quando você me olha, é como se eu estivesse em frente a um horizonte bonito que me oferece toda a felicidade do mundo. Quando você me abraça, bem, é como se eu tivesse provado do pecado e ainda estivesse no céu. Talvez seja exatamente isso: você é o pecado e a salvação.
          Amar você é como provar o doce e o amargo simultaneamente. É como morder e assoprar depois. Pular de um penhasco mas ser salva antes de encontrar o chão. É perigoso, mas é o perigo do qual não abro mão. Você é doce em cada afago, e amargo a cada partida. Você entende? Não dá pra viver longe demais das tuas confusões e das tuas brigas bobas. Não tem como fugir dos teus sorrisos e tuas gargalhadas engraçadas. Você é lindo quando sorri. Você é como um céu que pelo dia me ilumina, e a noite me apresenta a beleza de uma imensidão de estrelas. Você parece o sol que reluz como ouro, mas queima se eu me aproximar demais. Você me desfaz e refaz. Me transforma em pó, e só você pode me fazer voltar a ser rocha. Porque você me fez mais poeta do que eu já era. Porque você me faz feliz.

Sobre o nós que nunca existiu

          Vejo você passando por mim como quem já conquistou o mundo inteiro. Seu sorriso é largo e bonito, seus olhos ficam pequenos quando você sorri. Veja, você parece perfeito, e todas te acham perfeito, sem conhecer um defeito seu, sem amar nenhum defeito seu, você as tem nas mãos. Como competir então, com todas aquelas que vivem aos seus pés? Veja outra vez, seu reflexo no espelho é quem você queria ser. O cara. Mas você não passa de um menino com sonhos grandes, que já deitou a cabeça no meu colo e falou sobre besteiras que eu não importava de ouvir. Pelo castanho escuro dos seu olhos, eu ainda consigo enxergar o menino de dezesseis anos que encantou meu coração. Seu coração parece feito de pedra, mas eu sei, são só os muros que você construiu tentando evitar que alguém o tocasse. Ele ainda está lá, rodeado por muralhas que ninguém soube como derrubar, como nem eu sei como derrubar.
          Mas você finge não encontrar meu olhar. Você se esquiva das minhas perguntas, e me deixa cheia de dúvidas que ninguém mais pode tirar. O que há no seu coração? O que há por trás de toda essa fantasia que você usa pra sair na rua? Veja, você não me engana. Sei que esconde medos e segredos que ninguém imagina, talvez um dia até tenha amado alguém que não soube, ou não pode, cuidar do teu coração. Você tem o cabelo bagunçado e a barba por fazer, você é lindo. Você é o típico garoto de cidade pequena que faz com todas as garotas se apaixonem com um só olhar. Mas você lembra de quando éramos só nós dois? De quando nós ficávamos sentados na porta, e eu fazia carinho no teu cabelo? Talvez até lembre, mas você acha mais fácil esquecer tudo isso. Porque amar alguém é tarefa difícil pra você.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O tempo não muda tudo

*Ouça John Mayer - A face to call home
        
           Encaro você e ouço a brisa que invade nossa pequena casa neste verão. Ontem, eu sentei na cadeira de balanço na sacada e olhei pra imensidão azul que há a nossa frente. Procurei o sentido pra me sentir tão feliz a cada novo dia. Talvez seja o clima ameno desta região, ou o bom café que você passa todas as manhãs que perfuma toda a casa. Talvez seja o fato de, finalmente, me sentir segura em algum lugar. De me sentir inteira, de me sentir de algum lugar. Eu achei o meu lugar. E é maravilhoso poder te olhar enquanto eu preparo o nosso almoço. Você toca John, eu cantarolo e morro de rir quando você erra alguma nota. Aprendi com você e com essa nossa busca inconstante de algum futuro pra nós dois que, nem sempre, faremos as coisas da forma correta. Algumas vezes, tomamos decisões que parecem erradas, mas que são o nosso certo. Você me entende? Mudar de país, se afastar da família e dos amigos, fugir dos fantasmas idiotas que assombravam nossa relação doce e complicada não parecia a saída adequada. Mas a gente preferiu assim. Tomamos um avião e cá estamos nós.
          Sinto falta do calor dos braços da minha mãe, e me sinto morrer quando ligo pra ela pra desejar um Feliz Natal e ela me pergunta: "Filha, você vai voltar esse ano?" No fundo, eu sei que não, porque ir embora significa nos tirar a paz, abandonar o lugar que nos fez melhor; mas eu digo que talvez sim. Olho para o mar da nossa janela e penso em como tudo mudou aqui. Dentro, fora, dos lados e ao avesso. Temos 30 e 32 anos. Quinze anos depois de termos nos conhecido na nossa pequena cidade. Meu cabelo enrolado ainda é o mesmo. O seu cabelo preto parece louro de tão queimado pelo sol. Veja como somos lindos. Pecinhas de uma quebra-cabeças que quase perfeitamente se encaixam. Alguns desgastes e algumas manchas feias compõe o que somos hoje. Meu bem, o tempo passa e muda um montão de coisas. Que bom que só mudou a gente de lugar. Sento pra escrever um pouco e você me dá um beijo na testa. Não trocaria isso por nem um verão solteira. Por que você sabe, eu funciono melhor com você por perto.
          Sobre as decisões que tomamos... Ah! que se danem as decisões. Tudo que eu escolhi, e até os erros que cometi, me levaram até você. Me fizeram, enfim, amar tudo o que há em mim. Não sei se gosto mais de mim ou de você. Mas, isso importa? Não muito, não é? Hoje eu escrevo sobre a nossa vida. Nossos filhos chegam da escola e te beijam o rosto. Que poderia eu querer mais que isso? E que, se um dia eu precisar terminar nossa história, que seja com um final que se eternize.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Eu tomo você

         Hoje, depois de tanto tempo sem voltar na nossa praça, vi você sentado num banquinho com uma velha amiga nossa. Passei por lá sem um propósito, meu destino era pro lado oposto, afinal. E vi você. Não senti borboletas no estômago, nem embrulho nem falta de ar. Mas senti uma dor que me atravessava o peito, que me rasgava como folha de papel. Não sei ao certo se foi de saudade, de medo ou de sei lá o que mais. Você continua lindo. Com a barba por fazer, você vestia uma camiseta branca e usava jeans. Você ainda é o homem mais bonito que eu já vi. Bêbado ou sóbrio, você ainda tem as palavras certas pra me dizer. Isso é um saco. Eu queria mesmo era sair do carro e te beijar. Cheirar. Fumar. Amar. Você. Mas isso é errado, não é? Olha que bela droga de vida você me deixou. Desde aquele dia que eu sai do seu apartamento, eu senti que tínhamos rompido de verdade. Descasquei o esmalte vermelho das minhas unhas enquanto fugia pra casa. Você faz tanta falta. Parece que tem um buraco nessa casa. Suas roupas ainda estão aqui, seu perfume e a chave extra do seu apartamento com um chaveiro de um bonequinho que completa o que você usava (ou usa, eu nem sei).  Era nos dois, você lembra? Sua mãe deu pra gente de presente.
         Sabe, eu tenho umas coisas pra te falar. Nunca senti tanto medo como hoje. Quando vi a silhueta de uma mulher ao teu lado, eu me senti morta. E eu pensei que era pra ser eu. Eu não te superei, eu até tento as vezes, mas é em vão. Eu saio, trabalho, estudo, bebo, leio, escrevo. Mas sempre que eu tenho tempo pra pensar em algo que não seja trabalho ou alguma conta pra pagar, eu penso em você. Em como nós dávamos certos juntos. O quão graciosa era nossa dança e nossa cantoria desregulada em algum dos bares dessa cidade. Você faz uma saudade absurda. Você é uma saudade absurda. Você aquilo que eu sempre quis, e aquilo que eu sempre precisei, e isso é chato de se falar (e piégas), mas é a verdade.
         Quando será a nossa hora certa? Ouço Engenheiros do Hawaii e me lembro de você tocando pra mim. Eu queria encontrar a hora certa, a porta certa pra voltar pra nossa casa. Lembra do nosso plano de casar? Eu nem queria mais casar, então eu me apaixonei por você. Você é incrível, e eu tenho vontade de beijar você a cada novo sorriso que você dá. Você é a prova da criação divina. Isso não é fanatismo. Eu juro. Eu calo a boca enquanto você passa por mim. "Oi. Vamos tomar um chocolate quente?" Só se eu puder tomar você antes.

domingo, 5 de maio de 2013

Aparece ou some de vez

          Quem sabe um dia a gente se encontre. Por acaso. Numa esquina, no supermercado ou num aniversário de algum conhecido nosso. Você sabe, eu queria te ver. Te ver mesmo, mesmo que fosse de longe. Faz tempo que eu não me sinto feliz. Como isso pode acontecer? Nem eu sei, viu. Eu tô meio calada, quer dizer, muito. Quando os meus amigos estão comigo eu sorrio até a barriga doer. Mas, eles não sabem de um terço do inferno que eu tô vivendo. A culpa não é sua. É minha. A decisão de te aceitar outra vez, mesmo depois de todos os teus erros e de tantos fins, foi minha. Você é lindo. E eu fui feliz, feliz demais. E nem eu sei quando foi que tudo saiu do controle. Sei lá quantas vezes eu pedi pra Deus cuidar de nós dois. Cuidar do nosso namoro, e fazer por ele aquilo que eu não podia mais. Eu sei, eu deixei de te dar tanta atenção. Mas você poderia me entender. Estamos no ano do vestibular, minha vida depende da minha aprovação. E eu ando estudando feito louca, mas olha, eu tive tempo pra sentir a tua falta. Todos os dias, senti uma dor enorme no peito, senti uma força pressionando meu estômago. E não houve um só dia que eu não tenha ficado triste lembrando de você. E em todas as vezes que eu chorei, me senti um lixo completo. Queria eu que fosse fácil virar a página e seguir minha vida sem você. Mas não é. Não consigo simplesmente ignorar nossos dias juntos. Senti saudade da sua voz hoje. Aliás, eu sinto todos os dias.
          É bom lembrar de como você ficava bem deitado no meu colo. Ou de como era bonito quando você me deitava no seu peito e a gente assistia um filme. Saudade de quando você me acordava com um "bom dia amor, quer que eu traga seu café?". Muita coisa mudou desde que nos conhecemos. Hoje faz um ano que nos beijamos pela primeira vez. Você lembra disso? Eu acho que não. Seu cabelo tá curto, não é mesmo? Vi uma foto sua no facebook. Evitei os lugares que poderia encontrar você. É bizarro dizer isso já que disse que queria te ver. Eu quero, mas ainda não estou preparada. Te olhar e saber que eu não posso te tocar, te beijar ou bagunçar seu cabelo vai me deixar triste. Mais triste ainda. E mesmo sabendo que uma hora ou outra terei que enfrentar isso, vou te evitar por quanto tempo der. Quanto tempo mais a gente vai ficar assim? Aparece aqui na porta de casa. Mas aparece logo por que eu tô aprendendo a viver sem você. Mais um pouquinho e eu vou enxergar que isso é o melhor pra mim. Ai não vai adiantar você aparecer, por que eu não vou abrir o portão.

domingo, 14 de abril de 2013

Voo

      
 *Ouça When I was your man, Bruno Mars   

          Foi você que me fez voar pela primeira vez. Levantar voo mesmo sem saber como seria o pouso. Perdi a altitude algumas vezes, enjoei, tive vontade de voltar pro chão mas você sempre me manteve presa a você e ao seu jeito imaturo de levar a vida. E ao invés de pousar, caí. Não sei quanto tempo durou a minha queda, nem a quantos metros eu estava do chão. Foi você que desligou o meu motor?
          Quando cheguei ao chão pude então ver que seu motor já não funcionava, só restava o meu para nos segurar lá no alto. Você desligou o nosso motor. São metáforas demais pra você entender, meu querido? Você provocou a nossa queda pra me provar que aguentaria cair, não foi? E você aguentou. Desde o nosso fim ainda não te vi chorar, sangrar ou reclamar que algum osso seu está fora do lugar. Mas eu não resisti a queda. Talvez por que minha cabeça voava mais alto que meu corpo, e o meu emocional voava ainda mais alto, enquanto meu racional ficou jogado em algum canto do meu quarto. Os meus sonhos, que sempre te incluíam, voavam junto ao céu. E eu não consegui enxergar que a nossa queda era iminente.
          Mas, droga!, me recupero pensando se vamos voar outra vez. Por que se houve alguém no mundo pra me fazer ser melhor, então esse alguém foi você. Com tantas falhas e interrupções, você foi o único que alcançou o lugar dentro de mim que guarda meus segredos, e medos... e o amor. E você é errado, é torto e é um babaca na maioria das vezes. E eu te disse isso terça passada, não foi? Mas eu o amo. Você me pergunta se pode me levantar outra vez. Abaixo os olhos, e algumas lágrimas escorrem. Não há mais tempo pra voar. Não há mais tempo pra nós dois. Você sabia disso.

Você não me ama

          Caí no sono durante o filme que passou ontem depois da novela, aquele que a gente assistiu umas três ou quatro vezes no começo do namoro. Acho eu que foi o jeito de Deus me livrar de mais um turbilhão de lembranças suas. Dormi com aquela camisola antiga minha, que me cobre quase até os pés. Dormi um sono tão profundo que só acordei hoje às 8h. Nenhuma interrupção no meu sonho. Mas o pior acontecia dentro da minha cabeça. Sonhei com você. Quando acordei senti um peso no coração. Como se houvesse alguma força externa espremendo meu peito. Deve ter sido a saudade. Ou foi só a constatação que acabou. Não sei mais o que te dizer, desde que terminamos não escrevi nada pra você. Só fiquei imaginando quando voltaria. E o que te falaria até você me tomar em seus braços e me dar um daqueles abraços que me dão paz. Só queria um abraço seu esta noite.
          Eu quero que você volte. Mas você não pode voltar. Por que você não me ama.

sábado, 2 de março de 2013

Amor próprio não é egoísmo

          Algumas vezes, nos apaixonamos por pessoas difíceis demais pra gente. Umas são completamente diferentes de nós, outras, moram longe demais, e outra parte, simplesmente, não correspondem. Ai dói. Dói tanto que parece que há uma ferida com fratura exposta e tudo mais. Coisa de acidente, sabe? E foi um acidente. É o coração da gente que chora, sangra e parece que nunca mais vai cicatrizar. Mas cicatriza, como toda ferida. Já sofri por amores impossíveis, não recíprocos e por fins. E foram tantos fins... Mas eu ainda estou aqui, por qual motivo você também não estará? Levantar a cabeça e seguir em frente. No começo parece impossível. Mas os dias vão passando, a dor vai amenizando (sim, ela ameniza a cada dia, só que você não consegue enxergar e sentir isso) e ai, estamos vivas.
          Acabou, não foi? O que você faz? Chora, briga, chora, escreve, chora, dorme... Nenhuma dor é para sempre. Lidar com fins nunca foi minha especialidade. Mas a gente aprende, sabe? Melhor é lidar com a gente mesmo. Cuidar da gente. Amar a gente. Antes de amar alguém, e antes (principalmente) de dizer que alguém é o amor das nossas vidas: ser nosso próprio amor. Amor próprio não é egoísmo. Egocentrismo, quem sabe. Isso faz mal... Amar a si mesmo faz mal? Faz nada! E amar os outros? Não faz. É difícil entender que nós somos capazes de amar outras pessoas depois de nos machucarmos. Mas a gente ama. A gente só tem que aprender que amar não é se humilhar, não é sofrer. Sofrer não amar. Não é por que você sofre que você ama. Não me interpretem mal, eu também demorei a entender.
          Amar é saber que gosto tem a felicidade. Doce, quem sabe, pra uns meio amargos, ao leite, azedo pra alguns. Cada um sente um gosto diferente. Amar é cuidar de alguém, mesmo de longe. É proteger, é ter afeto, carinho, admiração. Amar é gostar de estar junto, odiar estar longe. Amar é brigar, amar é muita coisa, mas não é sofrer. Chorar dia após dia não significa amar. Volto a dizer: lidar com fins é difícil. Dói pra caramba. Mas um dia a gente suporta. Perder coisas, pessoas, momentos. Ainda vai ter muita gente pra chegar e ir embora. Amar é estar num porto esperando um barco, conhecido ou desconhecido, atracar e esse mesmo barco, leva um pedaço da gente depois. Barcos se vão, as vezes voltam, as vezes afundam, as vezes morrem. É normal. Nem tudo precisa ser pra sempre pra ser eterno. Eterno dentro da gente. Deixe que outros barcos atraquem... Ame. Agora.

P.S.: Não sei ao certo sobre o que o texto fala, a inspiração veio da dor alheia, que uma dia já foi minha e poderá ser outra vez. Desculpem pela confusão no texto, eu tô uma confusão também... Beijos, e leiam tudo (ou não).

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Se enamora

          *Ouça Se Enamora, Tiê
          De repente, ouço um estalo no meu peito e parece que as coisas finalmente fazem sentido. A cabeça embaralha algumas cenas mas é nítido: em todas elas aparece um pouco de você. Uma música se pareceu com a gente, ouvi tantas vezes que decorei de primeira. Ela me doeu, como tudo em relação a você me dói. Ela é nós dois, mas nós dois não existe. Ela é a imagem bonita que eu tenho de você. O teu sorriso me desconcerta, me deixa boba e me faz rir. O teu olhar me desmonta em várias e o peito ganha vida, mas não existe nada aqui. Não sei escrever poesia, e você me desenha tão bem...
          Qualquer coisa em você me pertence. Teu abraço, teu olhar, teu cheiro bom. O teu elogio me faz ganhar o dia, mas ainda assim, não existe nada aqui. Uma vez você me disse que o grande amor da sua vida era a sua mãe, e ela era a única mulher que você amava de verdade. A segunda vez que você me disse isso, havia uma personagem diferente na história. Te abraço mais uma vez e me despeço, eu te amo, e estou te esperando na nossa classe, meu bem...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A gente se cabe

          Você faz saudade. E a saudade só é bonita na poesia, em mim dói. Saudade, de te pegar no colo e te mimar um tiquinho. De beijar teus cabelos que cheiram ao xampu da monange. Saudade de ficar calada observando você cochilar do meu lado na cama. Saudade do cinema às 18h, do bolo que não cresceu, de você. Saudade de caber nos teus sorrisos, te entrar e penetrar no teu íntimo. E até de enxugar uma lágrima ou outra que escorria quando eu te dizia alguma coisa dura demais. Saudade.
          Você cabe em mim da maneira que ninguém mais coube. Você me faz sentir aquelas coisas que tanta gente diz. Borboletas no estômago. E se não for isso, podem ser passarinhos. Ou qualquer coisa que voe feliz e livre. E se isso não passar de coisa psicológica, tudo bem. É bom sentir. É bom sorrir quando vejo um torpedo seu dizendo que está na porta da minha casa. É ainda melhor quando alguém me diz: "o amor te chama" e você tá na porta da faculdade me esperando.
          Dia desses você me disse: "amor, eu vou casar contigo, pode apostar". Não sei (realmente) se algum dia ouvi alguma coisa que tenha despertado em mim tamanha felicidade. E já nem sei se "felicidade" define o que eu senti e venho sentindo esses (nossos) meses. Senti um arrepio na espinha, meu coração deve ter parado por uns segundos. Me senti feliz. Sorri e te beijei, sem fôlego, por que ficar feliz é de tirar o fôlego. Eu caibo em você, e nada poderia me ser mais feliz que isso.
          A gente se cabe, se enxerga e se ama. Fico sem fôlego outra vez. Amor, seu sorriso é lindo!

Reorganização?

Fico me perguntando quanto tempo isso vai existir. Talvez só mais uns dias, ou anos, ou vidas. Me pego, então, olhando pra dentro de mim, buscando em algum lugar um remédio pra curar o medo que apavora todos os dias. Reorganizar a minha vida sem você. Os planos, os detalhes de cada dia, até as roupas. Tudo, um dia, pode mudar. E pensar nisso me deixa sem fôlego. Não há, simplesmente, paz nisso. Me dói, como uma ferida exposta. Olho pra nós dois. Foi um começo tão turbulento, um meio tão cheio de pausas que eu paro e enxugo uma lágrima ou outra que escorrem. O fim, bem, eu não sei. Se tiver que existir que seja então de paz. E prefiro não pensar que o fim virá.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sem bateria

          De vez em quando, paro pra enxergar nós dois. Medidas diferentes demais para ainda serem perfeitas. Diferentes demais para ainda se encaixarem. Você sabe, eu sei. Mas ainda parece mais fácil fingir que as coisas ainda andam bem. Mas não andam. E qualquer coisa é a prova disso. Sua presença é mais vaga que a sua ausência. Você saiu hoje com uma amiga, mas eu não pude ir te ver a tarde. É contraditório, mas esse é você.
          Ardor. Ar dor. Há dor. E dói, me dói, mas estou fraca demais pra te falar qualquer coisa a respeito disso. Fraca demais. Um sussurro, enxugo o rosto e engulo em seco todas as palavras que eu queria te dizer e atendo o telefone. Sua voz não mudou, mas simplesmente já não me acalma. Desligo e telefone e choro alto, a bateria descarregou, eu também, nós, estamos sem cargas. Não há mais prótons ou nêutrons que componham nosso relacionamento, a bateria estragou. Adeus, com choro e sem bateria.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não cabe um título

Sinto por você aquilo que jamais senti por outra pessoa. É clichê, piégas e papo batido, mas é verdade. Namorei (ou quase isso) uns caras errados e não, não senti por eles nada que se pareça com isso. Quando eu olho pra você, é como se eu estivesse vendo a vida, a luz, a felicidade. Você é como a salvação de condenado: esperada e deliciosamente... inexplicável. Olho pra você sentado na escrivaninha e me pergunto se algum dia alguém me fará sentir tamanha paz e tamanho amor e, ao mesmo tempo, perturbar tanto meus pensamentos e me tirar qualquer resquício de paz. Impossível. Volto a te olhar, desta vez deitado de qualquer jeito, dormindo, e te beijo. O ombro, a testa, o nariz, a cabeça, a bochecha, o cabelo, ou a boca... Eu te amo, são as únicas coisas que te digo (e te escrevo) antes de virar o rosto e chorar baixinho.