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domingo, 13 de outubro de 2013

Paradoxal

         *Ouça É o que me interessa de Lenine 

          O silêncio invadiu a minha casa. O mesmo silêncio da nossa última briga, o mesmo silêncio que me destrói quando você me olha com olhos de rancor mas não me diz nada. Teu silêncio, às vezes, me quebra. Me despedaça, me desmancha, me desmonta. Fala mais alto que teus gritos ensurdecedores. Golpeia meus tímpanos. Mas, tem dias que tudo que eu quero é teu silêncio. Assim calmo, morno, mas aconchegante.
          Teu silêncio desconcerta quem eu sou, mas é o único capaz de me devolver a paz. A paz que você mesmo me roubou. Você não entende, mas você é a minha dor de cabeça favorita. É só você que eu gosto de desvendar, de entender. De desmontar e montar outra vez o quebra-cabeças que é te amar. Eu erro uma peça ou outra, mas é assim que nós dois somos. Meio tortos, meio errados. Errados que só dão certos juntos. Um quebra-cabeças que sobra peças, por que nós somos muito juntos.
          Quando em uma roda em um bar qualquer alguém pergunta como eu vou, eu digo: eu vou bem, obrigada. Eu vou bem por que quando eu chegar em casa você vai estar deitado na nossa cama. Ou vai estar na sala de estar lendo algum livro que eu gosto e te dei de presente (mesmo que você não goste). Você me fez limpar meu coração pra poder te receber. Mas sem isso de jogar a poeira pra debaixo do tapete. Joguei tudo o que não me servia fora. Você é meu número, você me cabe direitinho. Não preciso de nada quando você está deitado no meu colo, mexendo em alguma coisa e eu assisto a um filme qualquer na TV de tela plana. Eu fiz uma faxina na minha casa, consertei umas coisas que estavam quebradas, e outras eu coloquei na porta pro carro do lixo levar. Meu coração agora é leve, meu coração agora é teu. 
         O teu silêncio me mata.
         O teu silêncio é minha paz.
         É um paradoxo, eu sei. Mas somos assim mesmo, um paradoxo.
         Um paradoxo com final feliz. Mas sem o final. 

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