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domingo, 20 de janeiro de 2013

Sem bateria

          De vez em quando, paro pra enxergar nós dois. Medidas diferentes demais para ainda serem perfeitas. Diferentes demais para ainda se encaixarem. Você sabe, eu sei. Mas ainda parece mais fácil fingir que as coisas ainda andam bem. Mas não andam. E qualquer coisa é a prova disso. Sua presença é mais vaga que a sua ausência. Você saiu hoje com uma amiga, mas eu não pude ir te ver a tarde. É contraditório, mas esse é você.
          Ardor. Ar dor. Há dor. E dói, me dói, mas estou fraca demais pra te falar qualquer coisa a respeito disso. Fraca demais. Um sussurro, enxugo o rosto e engulo em seco todas as palavras que eu queria te dizer e atendo o telefone. Sua voz não mudou, mas simplesmente já não me acalma. Desligo e telefone e choro alto, a bateria descarregou, eu também, nós, estamos sem cargas. Não há mais prótons ou nêutrons que componham nosso relacionamento, a bateria estragou. Adeus, com choro e sem bateria.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Não cabe um título

Sinto por você aquilo que jamais senti por outra pessoa. É clichê, piégas e papo batido, mas é verdade. Namorei (ou quase isso) uns caras errados e não, não senti por eles nada que se pareça com isso. Quando eu olho pra você, é como se eu estivesse vendo a vida, a luz, a felicidade. Você é como a salvação de condenado: esperada e deliciosamente... inexplicável. Olho pra você sentado na escrivaninha e me pergunto se algum dia alguém me fará sentir tamanha paz e tamanho amor e, ao mesmo tempo, perturbar tanto meus pensamentos e me tirar qualquer resquício de paz. Impossível. Volto a te olhar, desta vez deitado de qualquer jeito, dormindo, e te beijo. O ombro, a testa, o nariz, a cabeça, a bochecha, o cabelo, ou a boca... Eu te amo, são as únicas coisas que te digo (e te escrevo) antes de virar o rosto e chorar baixinho.