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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Para você que é meu amor, com amor


          Eu não consigo tirar meus olhos de você. Estamos no meio do verão, e você está usando uma bermuda solta e uma camisa de basquete, como sempre. Sua barba por fazer roça no meu pescoço enquanto você me toma em um abraço inesperado e meio torto. Eu mal consigo me lembrar da minha vida antes de você. Tudo o que eu vivo hoje, e ao seu lado, se tornou grande demais e ocupa boa parte dos meu dias. E ainda assim, somos leves. Somos flocos de neve, tão delicados mas quando juntos, tão densos. Essa sou eu com você. Maior, talvez melhor, e sempre transbordante. Eu sem você sou grão de areia nos olhos de alguém, eu incomodo. Eu irrito, por que eu sem você não transbordo. Não que eu seja pouco sozinha, nem que eu seja menos, ou seja infeliz. Eu só prefiro ser ainda mais com você. Eu só prefiro ser feliz com você.
          Juntos somos flores na primavera; separados não passamos de folhas secas no outono. Juntos somos fogo; separados eu não incendeio e você não queima. Não funcionamos à distância, funcionamos sob o mesmo teto, no mesmo sofá e sobre mesma cama. Eu sou labareda, mas sem você sou apenas faísca.
          Eu gosto de você. Cada pedacinho seu atrai uma avalanche de mim. E eu gosto de você. E gosto das suas vindas constantes, mas nunca idas. Gosto da certeza da tua voz, e da fortaleza do teu abraço. O teu afago cálido me toma o peito. Não mais sei dos meus ais quando vejo você sorrindo para mim, nada mais lá fora importa.
          Ter amor é te ter, amor. 
          Eu adoro as linhas de expressão que aparecem em seu rosto quando você sorri. Eu adoro a sua risada, e adoro o jeito que você tomba a sua cabeça para trás quando algo te incomoda, ou mesmo quando estás cansado. Eu adoro até os teus silêncios, que antes me doíam tanto, mas hoje não. Aprendi que no teu silêncio cabe ainda a vontade de conversar comigo. Você não desliga, até que me chama a atenção e eu percebo que durante o teu silêncio eu pensava no quão bom é te ter aqui. 
          Olho para o céu e me deparo com a imensidão que me espia também. Eu sou pequena agora, mas não tenho medo. Olhar pro céu me lembra você. Seus olhos não são azuis como ele é, mas têm um castanho que brilha mais que a Sírius. Você é tão lindo quanto o céu. E o céu é imensidão, é infinito. Você é o meu céu, logo, o meu infinito. Você é meu ontem, meu anteontem, meu mês passado e retrasado, meu agosto favorito. Você é memória, e ao mesmo tempo é futuro.
         Você sabe que é tudo.
          Me apaixonei por você em junho, descobri em julho e assumi em agosto. Gradativamente, como quando pegamos no sono. As pálpebras caem lentamente, os olhos frouxos não aguentam o peso do dia e morremos momentaneamente. Mas eu não morri, ganhei um sopro de vida no momento em que você me olhou durante a aula de matemática. E eu sabia que era você. Não pela sua barba meio desregulada ou seu cheiro de homem num corpo de menino, e sim pela felicidade do teu sorrir para mim. Você estava sorrindo para mim. Novamente digo, você é o meu infinito particular.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Born to die


Ouça Born to die, de Lana Del Rey    
          Mais uma vez eu olho pra você e você não encontra o meu olhar. Como de praxe, você está longe. Eu te perdi. Em alguma curva nessa estrada você se manteve na pista enquanto eu capotei no acostamento, no abismo da nossa relação. Você jamais acreditou que um dia eu partiria. Finalmente você me olha, com olhos de reprovação e de quem duvida de mim. Nunca, nem por um só segundo, acreditou na mulher que teve ao seu lado. Teus olhos rasgam o véu da minha alma. Eu sempre estive nua, completamente despida para você. E tudo o que você fez foi me jogar um lençol para que eu me cobrisse. E o mais triste é saber que você não enxerga quem eu sou, quem eu sempre fui para e por você. Você não sabe, não entende e não vê, mas eu estou desistindo de você. Game over, baby.
          Estou desistindo de você, desistindo de lutar por quem nunca me ajudou a sarar um ferida sequer. Estive em batalhas, e perdi guerras por você. O que você fez foi passar os olhos por mim e me dar boa noite. As minhas noites foram um saco, graças a você. Enquanto você beija a minha boca, eu cuspo tudo o que fomos e todos os sonhos que um dia eu tive para nós. Despejo em você toda a imundice com a qual convivi durante esses meses de pseudo-relacionamento. Teu cheiro me enoja, tua voz irrita os meus ouvidos. Você ainda não sabe, mas eu estou indo embora.
          Eu sempre soube que nós nascemos para morrer, que nunca daríamos certo. Eu andei perdida, perdida nas incertezas do nosso caminho e eu vi tanta coisa fora do lugar... Tô indo embora, me depositando numa mala e me levando pra longe. Você fica, com a casa cheia de lembranças minhas. Fica com o cheiro doce do meu perfume, com as fotos e com todos os presentes. Fica com quem eu fui pra você, fica com a minha mais bonita lembrança que um dia, eu sei, que será sua mais doída e amarga recordação minha. Você sempre gostou do meu sorriso, como não pode perceber que eu quase não sorrio mais?
          Eu sei das suas manias, será que você sabe as minhas? Pela cara que você está fazendo enquanto eu arrumo a mala, eu acredito que não. Nós morremos antes mesmo de viver. Eu vou embora e você não pronuncia uma palavra sequer. Eu morro com você nessa sala hoje, pra renascer longe daqui. Eu quebro as xícaras e todas as louças que eu escolhi pra nós. Eu quebro você. Eu abandono você. Eu escolho a mim. Porque nós nascemos para morrer. Eu odeio você, porque você desperdiçou todas as chances que eu te dei. Você não viu, você nunca me viu! E eu odeio um dia ter acreditado que você era bom o bastante pra mim.
          Tô indo embora. Você não vai me pedir pra ficar. Você acredita que eu vou voltar amanhã ou daqui a dois dias. Abra um sorriso e me dê tchau. Finalmente você conseguiu o que queria. Matar nós dois. Eu sorrio enquanto você, mais uma vez, ignora a minha presença. Você sabe, no fundo, que é para sempre. Você vai descobrir que eu não costumo brincar; você vai descobrir que vai sentir a minha falta. Sim, você vai. E aí já vai ser tarde demais, baby. Game over.