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sábado, 10 de agosto de 2013

Sobre o nós que nunca existiu

          Vejo você passando por mim como quem já conquistou o mundo inteiro. Seu sorriso é largo e bonito, seus olhos ficam pequenos quando você sorri. Veja, você parece perfeito, e todas te acham perfeito, sem conhecer um defeito seu, sem amar nenhum defeito seu, você as tem nas mãos. Como competir então, com todas aquelas que vivem aos seus pés? Veja outra vez, seu reflexo no espelho é quem você queria ser. O cara. Mas você não passa de um menino com sonhos grandes, que já deitou a cabeça no meu colo e falou sobre besteiras que eu não importava de ouvir. Pelo castanho escuro dos seu olhos, eu ainda consigo enxergar o menino de dezesseis anos que encantou meu coração. Seu coração parece feito de pedra, mas eu sei, são só os muros que você construiu tentando evitar que alguém o tocasse. Ele ainda está lá, rodeado por muralhas que ninguém soube como derrubar, como nem eu sei como derrubar.
          Mas você finge não encontrar meu olhar. Você se esquiva das minhas perguntas, e me deixa cheia de dúvidas que ninguém mais pode tirar. O que há no seu coração? O que há por trás de toda essa fantasia que você usa pra sair na rua? Veja, você não me engana. Sei que esconde medos e segredos que ninguém imagina, talvez um dia até tenha amado alguém que não soube, ou não pode, cuidar do teu coração. Você tem o cabelo bagunçado e a barba por fazer, você é lindo. Você é o típico garoto de cidade pequena que faz com todas as garotas se apaixonem com um só olhar. Mas você lembra de quando éramos só nós dois? De quando nós ficávamos sentados na porta, e eu fazia carinho no teu cabelo? Talvez até lembre, mas você acha mais fácil esquecer tudo isso. Porque amar alguém é tarefa difícil pra você.

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