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segunda-feira, 14 de abril de 2014

Capitu é espinho - E a culpa é sua

         
          Começo mais uma carta a ti dedicada dizendo que a falta do teu amor secou as flores que eu plantei, reguei e esperei por tanto tempo. Hoje eu sentei na varanda de casa e olhei pra imensidão azul do céu. Enquanto encarava as nuvens, lembrei de como gostava de ficar deitada do teu lado sem falar nada. Só ouvindo tua respiração e sentindo o calor dos teus braços no meu corpo. Escuto uma música calma mas algo grita dentro de mim. Preciso mais uma vez te escrever, me perdoe pelo incomodo. 
          Dentre todas as coisas que já foram ditas e sentidas, depois de todas as minhas cartas de despedida e de todo choro em vão derramado, eu só vim mais uma vez dizer que ainda admiro a beleza da tua alma. Calada, num canto qualquer de uma sala escura, eu ainda lembro da falta que tu fazes e de como dói amar-te de longe. Hoje, durante uma conversa com um amigo, ouvi uma frase que fez minha alma doer. "Capitu confunde não querer com não mais sentir, não merecer com não mais amar." Capitu sou eu, e quem não merece é você. Se eu fosse dizer os motivos pelos quais me apaixonei por você, talvez cometesse o erro de esquecer algum. Mas, meu amor, eu sei bem quais os motivos que te fazem não merecer o meu amor.  
          Vivo o dilema de lidar com esse amor todos os dias. De acordar atrasada e mesmo assim pensar em você, mesmo que seja só por alguns segundos. Não posso te escrever sobre como meu coração está despedaçado desde que você se foi. De fato despedaçado ele não está, mas garanto que a dor de senti-lo bater enquanto o seu bate longe de mim é sufocante. Talvez você tenha sido a melhor coisa que me aconteceu nesses dois anos turbulentos da minha vida. Mas talvez você tenha sido a causa da minha maior dor: a de perder a fé no amor. 
          O relógio prata da minha sala de estar marca 23h48 minutos, hoje, dia 13 de abril, foi mais um dia de saudade. E todo esse blá blá blá de amor e coração pseudo-ferido é clichê. Mas olha, eu andei pensando na melhor forma de te pedir pra ir embora. Pois não posso lidar com a dor de um amor unilateral, que só me suga e nada me dá. Mas aí eu lembrei de um outro trecho da minha conversa de hoje. Eu não te deixo ir, pois o pouco que tenho de você em memórias doces é o suficiente pro meu amor ainda se manter vivo. Guardado em algum canto de mim, ele continua sobrevivendo as minhas custas, e eu acabo mandando todo mundo que chega ir embora, pois o que há de você em mim ainda é melhor que tudo que há lá fora. 
          Os amores incompletos que vivi, inclusive o teu, me transformaram em alguém que eu jamais imaginei ser. Tenho espinhos por toda a extensão da minha pele, e eu ando ferindo qualquer inocente que tenta se aproximar. Eu sou batalha longe de você. Sou guerra declarada, e causa perdida. Sem teus olhos calmos eu não sou fera, nem bela, nem nada. Mas em canto qualquer daquela sala escura eu me recomponho. E continuo, mesmo sem você. 

2 comentários:

  1. Laisse,
    Você pode escrever sobre a beleza do amor? Seus textos são sempre cheios de verdade. Quero ler você falando de amor, puro e simples... Grande beijo!

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    1. Falarei sim, querido(a) leitor(a). Em breve você terá um texto puro e simples sobre o amor. Beijo doce!

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