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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Depois do Alonso e do Vettel, eu

          Sempre amei os detalhes teus. Do teu corpo ou do jeito que você se comporta. Você nunca gostou do seu cabelo molhado. Nunca gostou das espinhas e marcas no seu rosto. Deixou tantas vezes a barba por fazer por que tinha preguiça e gostava de parecer mais velho. Você nunca gostou de usar o banheiro da minha casa quando não estávamos a sós e eu nunca entendi bem por que. Você nunca gostou da sua barriga ou das suas pernas, mas meu bem, você me parece perfeito. Perfeito pra mim, como uma roupa encomendada, você parece feito pra mim.
          Você tem um sinal lindo nas costas, redondinho e fofo, mas você também não gosta dele. O teu sorriso é meio torto. Teu lábio inferior é mais grosso que o superior, mas juntos eles formam o sorriso torto mais lindo de todo esse mundo. Não é exagero, veja bem, é apenas amor. Por cada parte do teu corpo, por cada detalhezinho que ninguém poderia perceber, mas eu sou capaz de perceber. São os teus detalhezinhos e eles jamais passaram (ou passarão) despercebidos por mim.
          Agora, escrevendo mais uma vez pra você, eu lembrei de como você fica dividido enquanto joga counter strike e a corrida tá passando na TV. Um olho na tela do computador, outra na tela plana. E cadê os olhos em mim, meu bem? Mas você se irritava com o jogo e o Alonso ficava pra trás por causa do Vettel, e você vinha me fazer coceguinhas (você odeia essa palavra, eu sei) e teu sorriso encaixava no meu, como se realmente tivesse sido feito sob encomenda. Tuas mãos alcançavam minha coxas pálidas e você as apertava, e eu reclamava como você me maltratava. Sinto falta.
          Falta de tudo que se foi com você. Você me disse que não lembra de muitas coisas das nossas férias de julho e eu te digo, seca, que você nunca lembrou dos nossos detalhes. Mas você também não consegue esquecer dos bons momentos, não é mesmo amor? Há você em toda parte. Há você nos versos da canção que embalou esses versos desregrados. Há você no vazio da minha cama, há você no imenso vazio que se tornou a minha vida. Não me faltou nada esses dias. Recebi visitas, hospedei duas amigas em casa, ri todos os dias mas me faltou você pra eu dividir as histórias engraçadas que ouvi e vivi nesses dias...
          Foi então que eu chorei. Saudade. Não do que fomos, mas do poderíamos estar sendo mas não estamos. Do que poderíamos ser mas não seremos. Saudade Carlos, saudade.

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