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domingo, 24 de maio de 2015

Hoje são 24, amor

       *Ouça Thinking out loud, Ed Sheeran  


         Sonhei com você e deu vontade de te escrever. Saí hoje cedo pra levar minha sobrinha pra tomar sorvete naquela nossa lanchonete preferida, você lembra dela? Senti teu cheiro quando o vento bateu forte vindo lá no norte e de repente pareceu que eu iria topar com você na esquina do nosso primeiro olhar. Acho que nunca desejei tanto que um acaso assim acontecesse, porque hoje, logo hoje, senti meu peito queimar de saudade tua, menino.
          Você lembra de como a gente costumava acreditar que ficaria junto pra sempre? Aquela crença cega de que o primeiro amor será o único. A gente deitava na minha cama de solteiro, e ficava imaginando nosso casamento na beira da praia, na igreja mais bonita da cidade, ou em qualquer lugar que coubesse nosso amor (acho que nenhum lugar seria o suficiente). Eu vestia tua camisa que dava duas de mim, e você sorria porque eu sempre dormia encostada no teu peito. E a gente nunca imaginou que acabaria como acabou. Apenas acabou.
          Faz tempo que a gente não se vê, mas eu posso descrever teus olhos e o contorno do teu maxilar com perfeita maestria, porque eu nunca fui capaz de esquecê-lo. Talvez você se pergunte o porquê de eu estar escrevendo pra você hoje, quando poderia ter dito durante todos esses dias em que a saudade foi a única coisa que ficou entre nós. Quando os silêncios preencheram os horários que antes eram nossos. Quando a ausência foi tudo aquilo que ficou nos espaços onde antes nos tínhamos. Você me tem sempre, em qualquer parte da casa, em qualquer horário do dia. E hoje eu precisava te dizer isso.
          Você aniversaria esse mês, e eu quis tanto bater na porta da tua casa com aqueles cupcakes que a gente comia sentados juntos no chão da tua sala, acenderia uma vela simples, e você assopraria enquanto fazia um pedido. Se eu pudesse pedir por você, pediria à força superior a nós que você conservasse sempre o que há de melhor em você: seu amor. Pela vida, pela música, por mim. Eu quis te dizer que não há presente melhor que ir dormir depois de ouvir tua voz de sono me dando boa noite. Que não há cheiro melhor que o que fica em mim depois de você me abraçar. E que nunca, nunquinha, vai existir alguém que tenha tanto do meu amor quanto você o teve (e ainda tem).
          Já passou da meia noite, e hoje é o seu aniversário. Eu não te mando parabéns, mas eu lembrei. Espero que isso valha alguma coisa, menino.

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