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domingo, 22 de novembro de 2015

Hoje eu te quero bem

[Você pode ler este texto ao som de Never Let Me Go - Florence + The Machine]

          Eu acho que chegou a hora. Chegou o grande dia. Estamos em pleno Dia D agora. Chegou o dia em que, em paz, posso te olhar ao lado do seu amor e não sentir raiva, inveja ou tristeza. O dia em que ter saudade de você não significa nada além de 'que bom que ele passou por aqui'. Que bom que ele me ensinou aquilo que sabia. Que bom que ele fez eu me apaixonar por rosas laranjas, apesar de achar as vermelhas lindas. Que bom que ele ficou, que durou, que persistiu mesmo quando eu queria expulsá-lo de mim. Que bom que ele conquistou, fez sorrir, fez gozar, fez amor em mim.
          Passaram-se anos até eu conseguir olhar pra você e conseguir enxergar apenas o garoto por quem eu me apaixonei. Não restou mágoa, nem desavença, nem qualquer outra coisa além da gratidão por ter podido compartilhar com você dias da minha vida. Se você me perguntar se doeu saber que você havia se apaixonado por outra, não poderei dizer um não. Dilacerou o coração, a alma, o amor. Dilacerou a minha confiança em amar de novo. Mas isso é papo pra outro dia, não nosso Dia D. Há quanto tempo algo não é nosso? Há quanto tempo seus amigos e meus amigos não juntam mais nossos nomes na mesma frase? Devo te dizer que um deles fez isso semana passada, e eu pude rir. Rir, amor. Rir porque foi engraçado, porque a tua lembrança causou felicidade e não tristeza nas bandas de cá, e não sorrir pra disfarçar porque tua ausência ainda dói. Você não dói mais, meu bem. Você é o descanso de um amor que deu certo enquanto existiu.
          A gente se apegou ao que havia de mais bonito no outro. Você gostava de deitar a cabeça no meu colo e contar estrelas, e desde então ele não serviu pra mais ninguém ser astrônomo. Eu gostava de brincar com a tua barba, e não achei mais nenhuma que fosse tão bonita e aconchegante quanto a tua. Nenhuma mais pode receber meus beijos carregados de amor. Nenhuma mais roçou no meu pescoço enquanto eu cozinho. Não achei outro amor igual ao nosso, e hoje entendo que nunca irei. E entendo - mais importante - que eu não preciso de outro amor assim. Porque eu tive você, e nossas memórias são tudo o que eu posso querer.
          Eu nunca soube me despedir, nunca fui boa com fins. E me despedir de você nunca foi um desejo. Mas hoje é necessário. Se você me permite, te conto agora que apareceram outros 'alguém'. Em nenhum deles achei o amor, como você. Mas se ainda houver chance de recuperar minha fé no amor, então um novo alguém aparecerá. Se eu pudesse te desejar algo hoje, se eu pudesse faz um pedido pra alguma divindade ou gênio da lâmpada, desejaria que você seja tão feliz quanto eu quero ser. E então você poderá acreditar em mim. Hoje eu não te amo mais, mas ainda te quero bem.
          Eu te quero bem, amor.
          Por favor, seja feliz. Por você. Por vocês.
          Por nós.

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