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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mais uma rosa marrom.

Vi hoje, do alto da janela do quarto de Nina, uma rua cheia de desconhecidos. Cruzavam-se e não se encaravam. Nem olhavam nos olhos. Pisavam um no pé do outro e fingiam que nada tinha acontecido. Não se desculpavam, como quem dissesse: "Quem mandou deixar o pé na minha frente, Zé?" Me senti uma deles. Longe dali, sob um guarda-chuva marrom, eu também cruzaria a faixa de pedestres sem olhar fixo pra ninguém. Pensando por que diabos tinha que chover logo hoje, dia de visitar o túmulo dele. De coração apertado eu pensei em nossa morte. Tão alvos eram nossos planos e vejamos só, se transformaram no maior dos filmes de terror. E hoje, em versos brandos, escrevo-te. Amargando as palavras de despedida e chorando sobre os restos mortais de uma rosa vermelha que um dia me destes. Comparei-me a ela. Já sem vida, eu jazia em um canto qualquer. Sem você, e sem vida.

(Laisse Ribeiro)


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